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domingo, 8 de abril de 2012

Rio de Onor - o silêncio dos sobreviventes


Retorno (como é possível falar em retorno, se eles nunca conheceram algo diferente?) incondicional ao básico da natureza humana tão cru quanto a dureza e a ausência absoluta de conforto
Não há filtros; os cães são feios e ranhosos, os burros são tristes, a bosta dos animais acumula-se nos becos, as casas confundem-se com os abrigos dos animais, umas destruídas, outras com profundas marcas (máculas) do tempo.
O maior desconforto que sentem, somos nós, intrusos que nos comportamos como visitantes de zoo a procura de seres em vias de extinção
E é verdade, mas a vida é deles!
Eles sabem disso...mas não colaboram
"A chuva não vai pegar. Está demasiado frio"
Pouco mais se arranca dos rostos fechados, habituados ao seu próprio silêncio (em que pensam estes seres?) ao eco dos sussurros do vale profundo, as badaladas do sino da capela ao meio dia e os sons compassados da enxada que esventra a terra seca (havia pó no ar, resultado de um Inverno incompleto)
Há algo de profético nesta recusa da chuva "ela não quer nada com Trás-os-Montes"
Silêncio, dureza e violência dos elementos no vale que podia ser encantado, mas não é, porque a sobrevivência diária dos poucos idosos que nunca foram para lado nenhum, tem pouco a ver com o ecológico apelo de retorno do bom selvagem às origens e à natureza!



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